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Censo apresenta abrangência do Instituto Desenvolve Pecuária

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Censo realizado pelo Instituto Desenvolve Pecuária demonstrou que os associados da entidade representam a diversidade das propriedades rurais do Rio Grande do Sul. O trabalho apresentado neste mês de janeiro iniciou em setembro de 2023 com as primeiras definições das variáveis, aplicação em outubro, seguindo as etapas de análise e feedback para a diretoria nos meses seguintes.

De acordo com a cientista de dados e engenheira agrônoma Elisia Corrêa, responsável pelo Censo, que também contou com a participação do presidente da entidade, Luís Felipe Barros, além de outros associados, o trabalho foi dividido em três partes. A primeira com perguntas com variáveis para caracterizar o perfil do associado, a segunda visando o relacionamento com o Instituto e a terceira parte em relação à propriedade. Participaram do levantamento 209 do total de 270 associados.

Para identificar o perfil do associado, conforme Elisia, foram levadas em consideração a profissão, em qual município reside, faixa etária e número de filhos. “Sobre a residência, os membros do Desenvolve Pecuária estão bem distribuídos no Rio Grande do Sul, atingindo 79 municípios”, informa a especialista, destacando que, segundo o presidente da entidade, o objetivo de alcançar uma área de atuação maior no Norte do estado ficou demonstrado neste levantamento em relação ao censo de 2022. “Porém, a maior concentração é em Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria, Bagé e São Gabriel”, salienta.

O levantamento identificou a presença dos associados em uma área de 330,37 mil hectares, com rebanho de 246,18 mil cabeças. As propriedades estão distribuídas em 79 municípios e se dividem entre pequenas, 11 hectares, e grandes, 20 mil hectares. Dentro deste cenário, 50% são maiores que mil 194 hectares e 50% são menores que esse valor, portanto, a variabilidade do grupo é muito alta.

Elisia observa que uma elevada variabilidade também ocorre em termos de rebanho. “O valor médio é de mil 271 cabeças, mas têm associados com 35 cabeças e outros com 13 mil e, por isso, precisamos trabalhar com uma mediana  (por ser uma medida descritiva que não é influenciada por valores extremos como a média) que representa mais o nosso conjunto de dados”, enfatiza.

Na questão das áreas de atuação das propriedades, o Censo demonstra que está bem dividido, com 27,38% trabalhando com recria, 28% com engorda e terminação, 20,05% com ciclo completo e 20% na cria. “Portanto, os associados do Instituto estão presentes nesses quatro grandes setores da pecuária”, coloca Elisia, destacando que é possível perceber que tanto a recria quanto as outras áreas também estão bem distribuídas, “mas se consegue identificar quais são os municípios em que essas atividades são maiores e a engorda é uma categoria com maior participação dos associados”.

Outro dado apresentado pelo levantamento mostra que 50% das propriedades empregam menos de quatro funcionários e 50% empregam mais de quatro funcionários, e que 82,9% dos associados são proprietários, além de que 27,75% estão em uma sucessão familiar. Foi constatado, ainda, que estão representadas dentro do quadro de associados do Desenvolve Pecuária 33 profissões, sendo a maioria  formada por engenheiros agrônomos, médicos veterinários, pecuaristas, agropecuaristas e produtores.

O censo levou em consideração também fatores como a relação do associado com a entidade, como presença em eventos, visualização dos materiais do Instituto e participação em rodas de conversas. Elisia Corrêa ressalta que o assunto mais solicitado pelos associados para ser colocado nos eventos do Desenvolve Pecuária foi mercado. “Esta demanda foi atendida pelo Instituto”, pontua.

Foto: Divulgação
Texto: Rejane Costa/AgroEffective

Mercado pecuário vira o ano com cenário atípico em relação a outros períodos

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No início de 2024, o mercado de carnes no Brasil apresenta um cenário atípico em relação aos anos anteriores, marcado por uma demanda firme desde o final do ano anterior. Segundo o presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, Ivan Faria, o mercado iniciou o ano “bem enxugado”, com um consumo robusto durante as festividades, ao contrário do histórico em que a oferta superava a demanda.

O dirigente cita que, tradicionalmente, as partes menos nobres do animal costumam sobrar no mercado, mas este ano, as condições foram diferentes. Faria destaca que o consumo foi intenso, resultando em estoques reduzidos, contrariando as expectativas históricas. “No entanto, apesar da alta demanda, houve pequenos aumentos nos preços, especialmente para animais jovens, super precoces e bem terminados, com uma valorização de até 10%. Enquanto os frigoríficos enfrentam escalas curtas, a negociação de preços se torna um desafio, com um mercado que busca manter ou até mesmo reduzir os preços”, observa

O mercado de exportação também se destaca no cenário atual, conforme Faria. A China, que historicamente absorve uma grande quantidade de carne brasileira, está temporariamente fora do jogo, o que resulta em um aumento da oferta para o mercado interno. O dirigente prevê que a China retorne em breve, mas, enquanto isso, o mercado enfrenta um momento desafiador, com estoques significativos no país asiático impactando os preços globais.

Ao projetar o ano de 2024, o presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Desenvolve Pecuária sugere que o mercado de carnes no Brasil caminhe para uma estabilidade. “Não vislumbramos grandes oscilações nos preços, tanto para cima quanto para baixo, indicando um cenário mais equilibrado em comparação aos anos anteriores”, explica.

No entanto, Faria destaca que o mercado de reposição de gado para engorda está descolado dessa estabilidade. “Com condições climáticas favoráveis, pastos produtivos e alta lotação, os pecuaristas buscam aumentar seus rebanhos, impulsionando a demanda por gado e elevando os preços no mercado de reposição”, observa.

O presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Desenvolve Pecuária avalia que, enquanto o estoque chinês de carne é monitorado de perto, com uma estratégia de manter a demanda constante, mas ligeiramente inferior à necessidade para manter os preços baixos, o mercado interno enfrenta desafios como o poder de compra estável, inflação baixa e falta de crescimento econômico significativo. “Assim, o panorama para o setor de carnes no Brasil em 2024 é de estabilidade, mas com nuances e desafios que exigirão adaptação e estratégias inteligentes por parte dos atores envolvidos”, finaliza.

Foto: Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

Ano de 2023 consolida Instituto Desenvolve Pecuária como referência no mercado da carne

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O ano de 2023 consolidou o Instituto Desenvolve Pecuária que passou a ser ouvido como referência no mercado pecuário do Rio Grande do Sul. Durante o período, a entidade trabalhou institucionalmente promovendo diversas ações com os associados junto a outras entidades da carne, assim como com representantes dos frigoríficos e do varejo. Eventos realizados em importantes espaços como Expodireto Cotrijal, Expointer e lives no canal de YouTube da instituição levaram conhecimento aos associados e visibilidade para a instituição.

O presidente do Desenvolve Pecuária, Luís Felipe Barros, lembra que a entidade iniciou o ano participando da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). “Pela primeira vez uma feira eminentemente voltada à agricultura chamou uma instituição para falar sobre pecuária. Isso foi muito importante para nós, porque é posicionamento institucional”, ressalta, colocando que foi uma oportunidade de começar a falar com uma região do estado que é ainda muito voltada para a agricultura. “Essa ação gerou frutos e já houve interesse em realizar parcerias na utilização das pastagens, enfim, novas formas e modelos de negócios”, conta Barros.

Entre as ações desenvolvidas pelo Instituto está a segunda edição de sua convenção para os associados, realizada em Pelotas (RS). Barros destaca que, na oportunidade, para falar de mercado, foi ouvido Leonir Pascoal, do Frigorífico Silva. A entidade também realizou o  Segundo Fórum da Cadeia Produtiva da Carne. “Novamente instigamos todos os elos, demonstrando que uma cadeia não se sustenta em pé se todas as partes envolvidas não estiverem com o foco no mesmo objetivo”, salienta.

O presidente do Desenvolve Pecuária relembra, ainda, a Expointer, quando a instituição promoveu um encontro internacional de institutos de desenvolvimento da carne. Conforme Luís Felipe Barros, a  promoção da carne gaúcha e os alinhamentos da cadeia somente  serão atingidos quando houver uma entidade que pense na pecuária gaúcha 24 horas por dia, a exemplo do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) e do Instituto Nacional da Carne (INAC), com sede no Uruguai. “É fundamental termos uma entidade que pense na pecuária do Rio Grande do Sul e é isso que defendemos. O nosso ponto de provocação e de ação maior em  2023 foi trazer à tona essa discussão que é a criação do Instituto Gaúcho da Carne, para que ele possa  promover a nossa carne”, afirma.

De acordo com Barros, a entidade não quer a repetição do que ocorreu este ano em que   53% da carne consumida no estado, segundo dados do Nespro/Ufrgs, veio de fora. “Em 2023 também tivemos uma queda acentuada de preço, especialmente no mês de agosto, onde chegou a refletir 50% de deságio entre um ano e outro. E nós queremos trabalhar efetivamente, de forma estratégica, para que mesmo que os ciclos pecuários ocorram, as quedas não aconteçam de uma forma tão acentuada”, pontua o dirigente.

Barros reforça que o Instituto também trouxe aos pecuaristas gaúchos neste ano cenários para o setor entender o que é esperado para 2024. Cita uma das ações da entidade, nesse sentido, quando representantes do Frigorífico Minerva apresentaram um modelo de negócio um pouco distinto e que “talvez seja impactante para os pecuaristas do Estado”. Ele lembra, ainda, que foi ouvido o coordenador do Nespro/Ufrgs, professor Júlio Barcellos, que apresentou um cenário onde não vai haver uma elevação acentuada do preço do boi, mas, pelo menos, uma estabilidade, com quedas normais de entressafra. “E, segundo o professor, para o final do ano deve haver uma pequena melhora no preço do boi, assim como em relação à finalização deste ciclo da pecuária, onde em 2023 foi percebido de forma mais destacada um maior abate no número de fêmeas”, informa.

Luís Felipe Barros projeta que 2024 será um ano para o Desenvolve Pecuária trabalhar menos a parte institucional e mais a parte estratégica. “A nossa presença na  Expodireto Cotrijal já está confirmada e seguiremos lutando pela criação do Instituto Gaúcho da Carne, principalmente para promoção da carne do estado, ainda mais agora que estreitamos relacionamentos com entidades do setor e com o governo estadual”, conclui.

Fotos:  Eduardo Marcanth Rosso/Divulgação
Texto: Rejane Costa/AgroEffective

Live aborda desafios e soluções para a alta rotatividade de pessoas na propriedade rural

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Causas e consequências da rotatividade das pessoas em propriedades rurais foram destacadas durante a 31ª edição do Prosa de Pecuária, a última live mensal do Instituto Desenvolve Pecuária deste ano de 2023. As sócias fundadoras da Agroteams Escola do Campo, Valentina Albornoz Pavão e Ana Luiza Schultz, falaram sobre “Como vencer a alta rotatividade e atrair bons colaboradores no campo”. O vice-presidente da entidade, Paulo Costa Ebbesen, abriu a live nesta segunda-feira, 18 de dezembro, salientando o importante trabalho realizado pela Agroteams junto às empresas agropecuárias. A live foi transmitida pelo canal de Youtube do Desenvolve Pecuária.

Valentina iniciou a sua fala colocando que a alta rotatividade de pessoas é um tema “dolorido” para os produtores rurais pela dificuldade de trazer para o setor profissionais com perfil de crescimento. Ana Luiza, por sua vez, lembrou que quando se fala de pessoas é muito dinâmico. “Nós trabalhamos com a natureza e com o ativo humano e então como conseguimos nos posicionar e entender todo esse cenário e ter a consciência de que nem sempre temos todas as respostas, mas é fundamental ter boas perguntas”, argumentou.

A palestra abordou o cenário atual e os desafios, causas e impactos da rotatividade, soluções e atratividade. Iniciando pelos principais desafios enxergados hoje pelos produtores rurais no mercado e que vão compondo um cenário difícil e ao mesmo tempo desafiador no sentido de crescimento, Valentina citou o choque de gerações e o perfil de pessoas que estão trabalhando no agronegócio, tanto na sucessão familiar quanto na equipe. “Precisamos entender o que é valor e o que é realmente atrativo para cada geração e como isso impacta no gestor”, pontuou.

Entre os desafios também foram citados a cultura do “sempre fiz assim”, manter a equipe motivada e comprometida, distância entre o líder e todos os cargos existentes na propriedade, escassez de talentos no mercado de trabalho para o setor, nível cultural e de escolaridade desafiadores e os modelos de negócios diferentes. Na parte da rotatividade, Valentina explicou que se trata do percentual de substituições de antigos funcionários por novos, em um determinado período. “A rotatividade, porém, mede principalmente a capacidade da empresa em reter os colaboradores e em ser atrativa para eles”, colocou.

Segundo Valentina, é preciso entender se a rotatividade é voluntária ou involuntária. “Trata-se de um dado muito importante para saber o que está acontecendo dentro do negócio”, informou, elencando as principais causas da rotatividade de pessoas. Entre elas, estão as deficiências na gestão, baixa remuneração, baixa motivação profissional, liderança ruim e ausência de plano de carreira. “Os impactos da alta rotatividade se refletem na queda de produtividade, despesas com demissões e admissões, além da queima da reputação da empresa e ou do líder”, esclareceu, salientando que não existem apenas aspectos ruins, mas a rotatividade pode ajudar na melhoria dos processos e na renovação da equipe.

Valentina trouxe percentuais em relação às áreas de insatisfação que aumentam a rotatividade dentro das empresas, sendo 66% ligados ao engajamento e cultura ou bem-estar e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e 20% na busca de melhores remunerações e benefícios.

Ana Luiza, por sua vez, falou sobre o trabalho desenvolvido pela Agroteams afirmando que a principal ferramenta é a comunicação. Entendemos que a rotatividade vem cada vez mais batendo os limites e não só em questão de números, mas de frustrações de produtores rurais do universo gerencial, assim como também uma grande inquietude do mundo operacional. “Conhecemos a empresa pelos olhos das pessoas que fazem parte dela. Não é preciso desacelerar o olhar técnico, mas é necessário colocar um gás muito forte em conhecer pessoas”, observou.

Conforme Ana Luiza, foi realizada uma pesquisa com mais de 60 produtores da Campanha e Fronteira Oeste do estado, com um olhar mais voltado para a pecuária, em que 100% disse entender a importância em se qualificar como gestor. “Perguntados, porém, sobre a frequência em que as equipes são treinadas, em torno de 45% responderam que isto nunca foi feito”, informou, enfatizando a necessidade de entender as causas e consequências deste comportamento. Outro dado colocado por ela, foi a média dos cenários atuais. O tempo médio de trabalho nas empresas fica em 2,1 anos e a rotatividade/ano em 37%.

Finalizando a sua palestra, Ana Luiza enfatizou que a rotatividade é um radar importante no trabalho realizado pela Agroteams. “Nós temos uma grande preocupação de quem está entrando nas equipes e de quem está saindo e como. A rotatividade parte da atratividade, da forma como é feita a seleção, da conexão com os valores das pessoas e como a empresa cria esta atratividade com o dever de casa bem feito. Mas, principalmente, a forma como ela passa a mensagem, o encantamento durante o processo”, concluiu.

Valentina, na sua fala final, apresentou soluções para reduzir a rotatividade. Entre elas estão entender os desafios atuais da empresa, clareza no papel do líder, aproximação do líder com a equipe, atualização e adaptabilidade constante e remuneração adequada e competitiva.

Texto: Rejane Costa/AgroEffective

Pesquisa mostra que 96% dos pecuaristas são favoráveis ao Instituto Gaúcho da Carne

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Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Desenvolve Pecuária mostrou que cerca de 96% dos pecuaristas do Rio Grande do Sul aprovam a criação do Instituto Gaúcho da Carne. Destes, 91% são a favor do recolhimento de R$ 1,00 por cabeça abatida em contribuição à entidade. O levantamento, encabeçado pela engenheira agrônoma Elisia Rodrigues Corrêa, associada da entidade, ouviu cerca de 500 pecuaristas, entre sócios e não sócios do instituto.

O presidente do Desenvolve Pecuária, Luís Felipe Barros, salienta que, desde o início, a entidade percebe que o Rio Grande do Sul precisa trabalhar melhor estrategicamente a promoção de sua carne. “Nós, como instituição, começamos a perceber que Estados que tinham maior estratégia e organização trabalhavam a questão da cadeia da carne e a promoção da cadeia como um todo. O Rio Grande do Sul precisa trabalhar muito mais a promoção da sua carne, pois ela não é uma commodity, é uma carne de qualidade, com gado de qualidade e raças taurinas predominantes”, observa.

Para Barros, falta alguém que faça essa promoção no Rio Grande do Sul, que pense carne do Rio Grande do Sul 24 horas por dia, visitando outros países para promover o produto gaúcho, além de destacar a carne também no mercado nacional. “E, com isso, fizemos uma provocação na Expointer, trazendo os institutos que fazem um belíssimo trabalho de promoção das suas carnes e organização da cadeia”, destaca, lembrando as palestras do Instituto Mato Grossense da Carne (Imac) e Instituto Nacional da Carne do Uruguai (Inac) durante a Feira.

A partir disso, conforme o presidente do Desenvolve Pecuária, teve início a defesa da criação do Instituto Gaúcho da Carne para a promoção do produto neste primeiro momento. “Conseguimos o apoio da Federasul e de inúmeros pecuaristas, e fizemos uma pesquisa. E esta pesquisa mostra que apenas 2% dos associados são contra, quando fizemos essa pesquisa em outros grupos tivemos 3,28% de respostas negativas. Isso demonstra uma percepção de que o gaúcho sabe que a criação do instituto vai ajudar na promoção da carne, vai ajudar a nos tirar desse mercado de commodity, vai trazer valor agregado ao produto e nos ajudar a acessar mercados inatingíveis hoje em dia”, complementa.

Cadeia produtiva da carne bovina projeta perspectivas para o próximo ano

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O painel sobre “Perspectivas Agropecuárias para 2024” promovido pelo Instituto Desenvolve Pecuária reuniu nesta sexta-feira, primeiro de dezembro, importantes nomes ligados ao tema que abordaram temas envolvendo a pecuária gaúcha, gestão e o agronegócio brasileiro. O presidente da entidade, Luis Felipe Barros, abriu o evento realizado no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, destacando que de forma inédita estiveram reunidos pecuaristas e o estado, por meio da presença da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

Barros lembrou que o preço da carne em agosto registrou uma queda de 50% na comparação com o ano passado e que mais de 53% da carne consumida no estado veio de fora, conforme dados do NESPro/Ufrgs. “Quando a gente pensou em falar em perspectivas para o próximo ano, tínhamos muitos boatos. Nosso objetivo é sair da boataria e apresentar pessoas que tragam elementos fidedignos para que possamos posicionar o nosso negócio. Estávamos ávidos em ouvir o Frigorífico Minerva e os planos do governo gaúcho para a pecuária”, afirmou.

O primeiro painelista, Antônio Carlos Ferreira, representando a Seapi, trouxe uma “Perspectiva da Pecuária do Rio Grande do Sul na visão do Governo do Estado”. Disse que não tem mais ciúmes do Uruguai ou da Argentina porque o Rio Grande do Sul tem um gado de excelência em genética. Destacou que o trabalho com a academia precisa ser enaltecido, pois dá embasamento técnico para as decisões que precisam ser tomadas pelo governo e pelos produtores. Citou que a secretaria possui convênio com a Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. “Isso tem nos trazido uma condição diferenciada no momento em que outros países, como o Chile, vem ao nosso estado fazer auditoria . Fomos o único estado habilitado para exportação àquele país. Tivemos mais de seis países nos visitando”, informou. Conforme Ferreira, para os próximos anos, a sustentabilidade, a sanidade animal e um sistema de controle de estoque adequado, serão ferramentas que irão impulsionar o setor junto a outros países.

Na sequência, quem falou foi Marcelo Cabrera, engenheiro agrônomo do Minerva Foods no Uruguai, e tratou sobre o “Minerva junto ao produtor, uma aliança de muitos anos”. Ele iniciou a sua palestra colocando que o modo de trabalho do Minerva é fazer com que todos possam pensar o mesmo em busca do desenvolvimento da cadeia da carne. Comparou o seu país ao Rio Grande do Sul, tanto em dimensões de território quanto em quantidade de cabeças nos rebanhos. Também destacou que o Uruguai tem um consumo interno de 20% e que 80% da carne é exportada. “Somos dependentes da exportação para mais de 50 países. Temos acesso aos principais mercados”, afirmou.

De acordo com Cabrera, em um país que tem mais plantas frigoríficas do que produtores, é essencial tomar como pilar o trabalho conjunto com os produtores. E, para isso, o representante da empresa que está entrando no estado, disse que o essencial foi a troca de informação com transparência, a capacitação de produtores e a ampliação do uso da tecnologia. “A sequência do trabalho foi o desenvolvimento de planos de apoio à produção”, observou, dizendo que foi importante trabalhar os nichos de mercado, como os voltados para pegada de carbono e de sustentabilidade, “pois a forma de agregar valor é olhar o que o consumidor deseja”.

Em 20 anos de existência, o Minerva desenvolveu 4,7 mil planos de trabalho e investiu 70 milhões de dólares em projetos como os de desenvolvimento de pastagens, pontuou o engenheiro agrônomo. Depois disso, segundo ele, houve a aquisição de 4 mil touros e melhoramento em genética. “Os projetos iniciaram em 2004, após a aquisição do Pull. E trabalhamos com produtores que se sentiam tão donos do negócio como nós”, afirmou.

Sobre sustentabilidade, Cabrera ressaltou que o nicho que o Minerva domina no Uruguai é o de certificação pegada de carbono e criação de gado a pasto. “Hoje, quem come carne tem consciência do que essa carne acarreta. Por isso, precisamos ter certificados para que o consumidor tenha tranquilidade sobre a carne que está sendo oferecida”, defendeu, colocando que os clientes querem saber como foi criada a vaca, o que come, como foi tratada. “Nosso programa orgânico se multiplicou por cinco. Iniciamos projeto piloto de medição de pegada de carbono em 2021. Para 2024, queremos ter 300 prédios com medição de pegada de carbono e gerar créditos de carbono”, enfatizou.

Marcelo Cabrera também disse que é possível, com regras claras e informações acessíveis, gerar uma relação de compromisso e fidelização entre indústria e produtor. E finalizou alertando que o consumidor europeu não quer saber de marmoreio, mas sim qual Europa deixará para seus filhos e netos.

Alex Lopes, do Minerva Foods Brasil, gerente de estratégia de compra de gado para toda a América Latina. deu continuidade à palestra abordando o tema “Gestão de riscos produtivos e de preços aplicados aos novos desafios da pecuária”. Iniciou destacando que hoje não se consegue vender carne se não for um gado criado com foco na sustentabilidade e que clientes da Europa querem que até 2030 possam ver rastreabilidade total do produto. Salientou que o mercado, além da sustentabilidade, exige que o produtor entregue um gado cada vez mais jovem.

Lopes apresentou uma série histórica do mercado paulista para falar sobre cria, recria e engorda, mostrando que em alguns anos atrás foi possível trocar um boi gordo por cinco terneiros, mas que isso não voltará a acontecer. “O bezerro está ficando cada vez mais caro. Quem repôs em 2022, tem que fazer girar logo o estoque, afirmou garantindo que quanto mais caro o produto, mais tempo ele fica na fazenda e maior é o prejuízo”.  Disse, ainda, que uma das grandes mudanças na pecuária no Brasil foi o surgimento do conceito “boi China”, pela ótica dos preços melhores, e aprimorou a fazenda porque foram entregues bezerros cada vez mais jovens. Lopes também falou que há menos animais sendo repostos e maior dificuldade para girar o rebanho. E alertou que não adianta fazer tudo certo e ser impossibilitado por questões de sustentabilidade. “Não quer vender para a Europa porque é exigente? Vamos ver quem rói a corda primeiro”, perguntou.

Ao dizer que é preciso manter o olhar no cenário econômico global, Alex Lopes destacou que o mercado chinês, que pode chegar a comprar 90% da carne gaúcha exportada, é o pior cenário para ser lido e estimar se o preço vai subir ou descer. “Se a gente ficar torcendo por preço ou para a China, vamos tomar decisões erradas, sentados sobre milhares de reais imobilizados”, alertou. Ainda destacou que hoje o produtor possui risco de preços, de mercado, de custo, de estoque e produtivo. “Gestão de bolsa reduz os três primeiros.  Aumentar o giro do rebanho reduz o risco de estoque. Já apostar em mais tecnologia, reduz o risco produtivo”, indicou o consultor.

Sobre o futuro, Lopes contou que a estimativa interna do Minerva para 2024 é de que o Brasil aumente o consumo em torno de 2,5%. Também disse acreditar que 2025 será um ano de alta no ciclo pecuário, após a estabilização do preço em 2024. Com relação ao cenário atual, ele apresentou dados que indicam que há um deságio de 40% em relação ao preço para o produtor no Rio Grande do Sul hoje, e lembrou que  o clima seguirá com chuva acima do normal até a metade de 2024.

O professor Júlio Barcellos, do NESPro/Ufrgs, apresentou sua visão sobre o futuro, com base nos dados estudados pela universidade, ao abordar as “Perspectivas da pecuária gaúcha em 2024”.  Ao falar sobre matriz de custos, comparou os dados de 1990 e os atuais. Ressaltou que, apesar do boi ser o mesmo, “hoje temos custos que incluem uma parafernália digital, internet, que nem sempre têm a ver com o gado”. Na sequência, contou que o Rio Grande do Sul tem o menor nível de abate dos últimos quatro anos em consequência da entrada de carne de outros lugares. Indicou que apesar do grande número de abate de vacas, o “efeito” China gerou o abate de boi mais jovem.

Para o professor, o ciclo pecuário por si só já aponta uma reversão na crise de preços. Colocou que uma organização produtiva como o Desenvolve Pecuária pode ajudar quando uma compra conjunta resultar em um melhor custo de produção. “É fácil falar sobre o imaginável, mas precisamos melhorar o processo de como fazer”, disse Barcellos. Ele ainda fez um alerta com base em estudo feito no Paraguai: “quem derruba o preço é a oferta, não a demanda”.

Para o próximo ano, Barcelos estimou que a entressafra será maior, pois houve alteração na época do plantio da soja e as pastagens de inverno serão mais tardias. Com isso, ele estima que o preço não subirá tanto quanto o desejado. Alertou, também, que a carne vinda de fora interfere na formação de preços.

O encerramento do painel foi feito pelo ex-ministro da Agricultura, Antônio Cabrera, falando sobre as “Perspectivas do agro brasileiro para 2024”. Disse que para olhar para o futuro, é preciso olhar para o passado, e o importante é focar em liberdade. Lembrou que quando assumiu o ministério, precisou lidar com o problema da importação de uma carne contaminada, a “carne de Chernobyl”. “Também havia endurecimento junto ao pecuarista com o confisco de carne. Naquela época, tivemos profundas reformas na agricultura. O Brasil saiu de importador a exportador de carne”, recordou. O ex-ministro foi aplaudido ao dizer que o maior inimigo hoje do agro é o estado.

Ao falar sobre a importância de comunicar e contar melhor a história do agro nacional, Cabrera mostrou uma embalagem de um lanche comprado no Canadá onde estava impressa a frase dizendo que o produto foi possível de ser feito “graças aos criadores de frango”. “Temos que falar que para você mandar comida para quase 240 países, é preciso ter muita tecnologia como nos telefones que eles idolatram”, ensinou.  Ele também mostrou a diferença de tributação entre o café moído na Alemanha, que não é produtor, de 7%, ao contrário do café adquirido no Brasil, 31%.

Antônio Cabrera disse que uma possível solução para contar a história do agro brasileiro seria procurar o consumidor europeu. Observou, ainda, que França e Itália mudaram o nome do Ministério da Agricultura para Ministério da Soberania Alimentar. “Agricultura é comida no prato”, afirmou o ex-Ministro. E concluiu dizendo que o Brasil vale a pena.

Foto: Andréia Odriozola/AgroEffective
Texto: Ieda Risco e Rejane Costa/AgroEffective

Pecuaristas vão debater perspectivas de mercado para 2024 em evento na UFRGS

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Com o objetivo de preparar seus associados para 2024, o Instituto Desenvolve Pecuária inicia o último mês de 2023 com um painel focado em perspectivas. Será no dia 1º de dezembro, no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, a partir das 13h30min. O encontro reunirá autoridades, estudiosos e representantes do mercado, para falar sobre como está e como será o cenário da pecuária no próximo ano.

O presidente do Instituto, Luis Felipe Barros, esclarece que a perspectiva não significa que vão acertar. “Mas buscamos, pelo menos, alguns dados mais fidedignos e que a gente não entre (o ano) com informações que são passadas de forma aleatória”, explica. Ele detalha que um dos convidados a expor suas posições é o ex-ministro da Agricultura Antônio Cabrera. “O ministro Antônio Cabrera é uma unanimidade, é alguém que é conhecido mundialmente, que tem essa noção de mercado macro, e que, com certeza, vai nos apresentar informações que serão relevantes para nos posicionarmos”, afirma Barros, detalhando que, em sua palestra, o ministro falará sobre o agronegócio como um todo, tendo em vista que a pecuária utiliza grãos e está na integração lavoura pecuária na maioria das áreas.

Com uma visão focada no mercado, o chefe de Extensão do Minerva Foods, Marcelo Cabrera, falará sobre o posicionamento da empresa no mercado uruguaio.  “Uma empresa multinacional tem bases que são aplicadas em todos os mercados, respeitando as peculiaridades. Porém, o mercado uruguaio é muito parecido com o do Rio Grande do Sul, então, vamos saber como o Minerva irá se posicionar, o que pensa acerca do mercado do boi”, conta Barros. Também do Minerva Foods, Alex Lopes trará a visão sobre gestão de riscos produtivos e preços.

O painel “Perspectivas Agropecuárias para 2024” terá, ainda, a presença de Antônio Carlos Ferreira, representando a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, para falar sobre o posicionamento do governo frente à pecuária gaúcha. Conforme o presidente do Desenvolve Pecuária, o painel também contará com o professor Júlio Barcellos e “seus dados assertivos”. “É muito correto o que ele tem apresentado, colhido, a partir do NESPro da Ufrgs”, afirma Barros, esclarecendo que a palestra do professor será focada em pecuária exclusivamente do Rio Grande do Sul.

Foto: Eduardo Marcanth Rosso/Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective

Mercado pecuário tende a uma leve recuperação até o final deste ano

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Os atrasos na implantação das lavouras de verão em função das chuvas e mesmo para procedimentos de preparo deixaram o gado nas pastagens de inverno mais tempo do que o histórico. Isso fez com que a oferta ficasse um pouco mais cadenciada. A avaliação é da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária para o mercado atual e a curto prazo do gado gordo e de reposição.

Conforme o presidente da Comissão, Ivan Faria, quando parar de chover, a pressão da lavoura aumentará e os criadores deverão retirar o restante do gado, que ainda está nos campos, por falta de oportunidade de entrada dos processos agrícolas. “Isso, de certa forma, espaçou a oferta, que não é grande, mas é suficiente, juntamente com o mix de carnes importadas de outros Estados que tem, sabidamente menos qualidade, mas tem o valor mais em conta” destaca, frisando, que este é o maior apelo econômico para um consumidor que ainda não se recuperou do seu poder de compra pela inflação do real. “Os preços ao consumidor baixaram um pouco, mas mesmo assim a reação de consumo é lenta. Já existe um maior consumo de carne bovina pela população, mas isto não é significativo porque os preços da carne não acompanharam a queda dos preços do boi”, ressalta.

Faria salienta que a indústria e o varejo ainda mantêm margens muito amplas de lucro, o que inibe um aumento maior do consumo. Além disso, avalia que a oferta é suficiente para manter uma escala de abate nos frigoríficos. “Esse quadro começa a mudar, pois já se vê pequenos aumentos de preço em função do encurtamento dessas escalas, que agora já não são nem de cinco dias. Os frigoríficos trabalham com um aumento de preço que não chega na ordem de 5%, o que ainda é um valor muito tímido para recuperar tanto as margens deles quanto as do varejo, e que os pecuaristas perderam. Avaliamos que o mercado tem condição de absorver, no mínimo, mais uns 15%, além desses 5% que já estão dados, sem sacrifício ou mudança que justifique a alteração de preço da carne ao consumidor, ainda mantendo margem para frigoríficos”, explica.

O dirigente do Desenvolve Pecuária diz também que este movimento deve ocorrer nos próximos dias, até a virada do mês, onde impactos como a primeira parcela do décimo terceiro já começam a exercer pressão e força na economia com o aumento do consumo. Por isso, vê como previsível essa recuperação dos preços do boi gordo. “No caso da reposição, esse repasse de preço não é tão fácil porque existe uma menor disponibilidade de áreas para pecuária porque aquelas áreas de pastagens de inverno já estão no fim do seu uso, quase que totalmente entregues às lavouras de verão. No caso da reposição, o que a gente tem? Alguns navios ainda estão sendo carregados para exportação. O mercado está muito dilatado, estão com boa margem, poderiam pagar melhor. Mas em função da demanda muito baixa, eles estão mantendo uma faixa de preço muito ruim para o produtor na venda de terneiros para exportação”, acredita.

Por fim, nas outras categorias, animais, como terneiras, novilhas, novilhos e vacas de invernar, segundo Faria, existe uma estagnação de volume de negócios e preços, porque não é uma época de pressão de compra, mas sim de pressão de venda, e essa reação talvez não se dê na mesma ordem dos animais para abate. A análise feita pela comissão de Relacionamento com o Mercado da entidade contou, além de Faria, com os representantes Fernando Costabeber e José Pedro Crespo.

Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

Campanha incentiva consumidor a saber a procedência da carne bovina

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Em projeção divulgada em agosto, a Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) estimou que em 2023, o consumo médio de carnes, per capta, no Brasil chegaria a 100 quilos. Deste total, 30 quilos seriam de carne bovina. Mas, ao chegar na gôndola do supermercado, o consumidor sabe identificar onde é produzida a carne que será preparada na sua próxima receita? Com o objetivo de esclarecer sobre a procedência da carne bovina que, a partir desta semana, o Instituto Desenvolve Pecuária apresenta, via redes sociais, a campanha “De onde a carne vem? No verso da embalagem tem!”.

O presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros, conta que 55% da carne bovina consumida pelos gaúchos vem de fora do Rio Grande do Sul, seja ela proveniente da desossa, indo diretamente para os frigoríficos, ou in natura, sendo vendida diretamente no varejo. “Com mais da metade do Estado consumindo carne de fora, obviamente tem pessoas que não sabem que essa carne é de fora. Nosso objetivo com a campanha é pedagógico. É mostrar para o consumidor que existe a carne oriunda do Rio Grande do Sul e a carne de fora e, então, ele poder fazer a escolha”, esclarece o dirigente.

Com criação da agência Humanizando Marcas Comunicação, sob a coordenação de Sílvia Orsi Koch, a campanha vai mostrar que o consumidor pode buscar, no verso da embalagem, um selo que informa o local onde o gado foi criado, ou seja, o estado de procedência do produto. Como Embaixador da campanha, Silvia conta que foi escolhido o assador Gonçalo Cirne Lima, que trabalha exclusivamente com produtos originados de gado criado no Rio Grande do Sul.

Para o lançamento da campanha, associou-se à iniciativa do Instituto o Frigorífico Coqueiro, de São Lourenço do Sul (RS). A empresa foi escolhida por ser nacionalmente reconhecida por suas boas práticas e como sendo de excelência no setor de proteína bovina. Os organizadores da campanha ressaltam que é sempre uma grande oportunidade poder degustar uma carne com este tipo de padrão.

 

 

Foto: Raul Krebs/Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective

Economista alerta que crise na pecuária está chegando ao fim, mas que setor vive em ciclos

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A quarta e última live do projeto SOS Pecuária Gaúcha foi realizada nesta segunda-feira, 25 de setembro, no canal do Instituto Desenvolve Pecuária no You Tube. O encontro virtual reuniu o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, e o presidente do Instituto, Luis Felipe Barros. A live também celebrou a 30ª edição do Prosa de Pecuária, tradicional encontro dos associados com lideranças e especialistas do setor e da cadeia da carne.

Antônio da Luz iniciou sua fala com a referência de que a pecuária é feita de ciclos, como os de preços em alta ou em baixa. Na sequência passou a apresentar dados em que quando o ciclo está com valores mais elevados, há redução no número de vacas abatidas pelos produtores. “Temos que tirar do Rio Grande do Sul o problema, pois partimos de um pressuposto de que lá fora está ótimo, mas não. Estamos vivendo um ciclo de queda do preço muito forte no Brasil inteiro”, destacou.

O economista levantou dois pontos de dúvidas. Um, com relação ao mercado para China, que tem jogado o preço da carne para baixo e a alta na produtividade e crescimento do rebanho nacional, ocasionando alta oferta e consequente queda de preço. “Quando travamos o mercado para exportação (por causa da vaca louca) e os preços caem, será que não ensinamos nosso comprador a conseguir um preço melhor?”, perguntou Antônio da Luz. De forma positiva, ele traçou uma retomada futura e breve. “Acredito que o ciclo muda no início do ano que vem e teremos uma volta à normalidade. Quem aproveitou para fazer seus rebanhos terá uma surpresa positiva quando for comercializar seus animais e pelo menos uma parte deste resultado ruim de 2023, encerra em 2024”,concluiu.

Luis Felipe Barros, ao assumir a palavra, trouxe um resumo do que foi tratado nas lives anteriores, como as causas da crise da pecuária bovina. Após, provocou com a questão sobre o que fazer com os dados apresentados. Propôs usar a visão empresarial de análise de possibilidades. “Temos que aplicar a matriz Swot, vendo nossas forças, oportunidades, fraquezas e ameaças”, afirmou.

Entre as fraquezas, Luis Felipe Barros destacou que as propriedades gaúchas são pequenas, frente às de outros estados, o custo da alimentação e a baixa escala de abate, frente aos demais estados. “O Mato Grosso abate mais de 230% do que o Rio Grande do Sul, que está em 8º lugar”, disse ele. Ainda foi apontada a desunião da classe e ausência de uma instituição que pense carne 24h por dia.

Entre os itens listados como oportunidades, o presidente do Instituto Desenvolve Pecuária incluiu a sustentabilidade. “O que também está entre nossas forças”, ressaltou Luis Felipe Barros, ao citar a inclusão do gado em áreas degradadas para recuperação do solo. Ele também destacou que é preciso informar que a carne gaúcha é produzida preservando o Bioma Pampa, e deve seguir exemplos como o do vinho gaúcho. “As coisas que estão prontas estão aí para serem copiadas”, concluiu. Barros finalizou sua apresentação instigando a criação de uma entidade que seja independente e pense carne, com integração da cadeia, promovendo a carne gaúcha, a exemplo do Instituto Mato-Grossense da Carne e do Instituto Nacional da Carne, do Uruguai.

Foto: Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective