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Por Luis Felipe Barros, presidente do Instituto Desenvolve Pecuária*

No século 16, os jesuítas cruzam da margem direita para esquerda do Rio Uruguai, iniciando a atividade pecuária no Estado, a ponto de serem criadas as vacarias do mar e, posteriormente, a vacaria dos pinhais. Este pequeno introito é só para alertar o leitor de que a pecuária é uma das primeiras atividades econômicas que foram desenvolvidas no Estado.

Como uma das principais atividades econômicas do RS, remontando ao seu “nascimento”, propulsora por longas décadas do impulsionamento econômico da nossa sociedade, caminhou largamente de protagonista econômica para uma simples figura coadjuvante?

Em termos de tamanho de rebanho, somos o oitavo em nível Brasil (perdemos até para Bahia), já em volume de abate, estamos na oitava posição, e, para piorar, municípios que possuíam a pecuária como atividade principal, como Dom Pedrito, São Gabriel, Santana do Livramento e Rosário do Sul, atualmente estão entre os 10 maiores municípios produtores de soja, segundo dados da Radiografia Agropecuária 2023, ou seja, a tendência é de seguir a redução de rebanho e abate.

Precisamos urgentemente promover uma retomada. A pergunta que não quer calar: quem vai assumir as rédeas desta retomada? Nosso gado mais se assemelha ao do Uruguai e da Argentina do que propriamente ao do Brasil central, nossa carne é reconhecida como de qualidade, somos livres de vacinação de febre aftosa, nossos animais são proeminentemente britânicos, enfim, podemos fazer uma vasta lista de qualidades e diferenciações.

O Instituto Desenvolve Pecuária clama pela criação de uma instituição que possa pensar a pecuária gaúcha 24 horas por dia. Estados da federação que conseguiram evoluir nessa atividade possuem entidades que são o fiel da balança entre os elos da cadeia e também promovem a carne dos seus respectivos Estados.

Com efeito, não podemos seguir como espectadores atônitos, omissos, quietos e covardes, olhando a atividade pecuária minguar ano a ano. Precisamos urgentemente da união de todas as instituições e, inclusive, do governo do Estado para criarmos um órgão que seja capaz de emprestar toda a atenção que a atividade pecuária exige, senão, o futuro é certo, seremos somente exportadores de genética. É isso que você quer?

 

Publicado originalmente na edição de 5 de março de 2024 no jornal Zero Hora