O mercado de gado no Estado de Mato Grosso foi tema do primeiro Prosa de Pecuária de 2023. A live do Instituto Desenvolve Pecuária, que está em sua 20ª edição, ocorreu nesta terça-feira, 17 de janeiro, no canal do YouTube da entidade, com o médico veterinário Nilton Cecilio de Mesquita Júnior, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e que atualmente é gerente de Relações Institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Ao iniciar a palestra “Entendendo o mercado de gado de Mato Grosso”, Mesquita Júnior destacou que a produção pecuária gera riqueza para o país. Lembrou que o Brasil possui mais de 200 milhões de cabeças, sendo o primeiro maior rebanho comercial do mundo e vendedor de genética. “A entrada do boi no nosso país começou na década de 50 pela região litorânea e depois foi se expandido. Hoje, ele está presente em praticamente todos os municípios brasileiros”, observou.
Conforme Mesquita Júnior, Mato Grosso é um pouco diferente dos outros Estados. “Além de ter uma Federação da Agricultura e Pecuária, possui entidades independentes que estão atuando junto a Famato, o que gera uma capitalização maior em momentos de negociações”, informou. Colocou ainda que o Estado possui o maior rebanho do país com 33 milhões 510 mil cabeças, segundo dados de 2022 do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), último ano em que houve vacinação contra a febre aftosa. A partir deste ano, não ocorrerá mais a imunização. “O rebanho mato-grossense cresceu muito e hoje podemos dizer que o Estado alimenta, praticamente, o Brasil”, colocou.
O especialista também abordou a questão da preservação, pontuando que o Brasil tem 63% do seu território preservado, segundo o Banco Mundial. Já Mato Grosso tem 62,1% de seu território preservado. “O produtor rural brasileiro hoje é o que obtém o maior ativo ambiental do mundo, porque todos os produtores rurais brasileiros têm uma reserva ambiental. Nós usamos hoje 21 milhões de hectares aqui no Estado para a pecuária e com o rebanho que temos, precisaríamos de 32 milhões de hectares para abater 4,71 milhões de cabeças”, ressaltou.
Mesquita Júnior também falou sobre a valorização do boi mato-grossense. Colocou que 75% do abate realizado no Estado é de animais com idade abaixo de 36 meses, muito próximo ao boi de 30 meses da China. “Mato Grosso se adaptou muito rápido à situação de exportação chinesa. Estamos produzindo mais, em menos espaço, com menos tempo e com uma carcaça mais pesada. E a nossa produção de carne é crescente e hoje é a maior do país. Também o nosso animal abatido é o mais pesado do Brasil e mundialmente fica em terceiro lugar”, explicou, informando que o Estado possui 32 plantas frigoríficas, com destaque para Marfrig, JBS e Minerva.
Sobre custos de produção, Mesquita Júnior divulgou dados dos segundo e terceiro trimestres de 2022. Na Cria, no segundo trimestre o custo foi de R$ 398,00 e no terceiro, R$ 409,00. Já na Recria e na Engorda, R$ 334,00 no segundo trimestre e R$ 336,00 no terceiro. “São valores exorbitantes. O custo para produzir um bezerro no Pantanal mato-grossense é uma média de 25% mais caro do que já é a Cria em outra região do Estado”, colocou.
Na parte de desafios para a produção pecuária em Mato Grosso, Mesquita Júnior relatou questões como logística, mão de obra qualificada, energia elétrica e insegurança jurídica. E finalizou sua palestra abordando o futuro da pecuária. “Hoje, estamos passando um momento difícil, mas o futuro da pecuária é muito grande ainda. Nós temos muito o que crescer. A pecuária trabalha em prol da Nação, uma vez que ajuda muito na Balança Comercial”, concluiu.
Texto: Rejane Costa/AgroEffective