Barros lembrou da importância de mais uma vez trazer na Expodireto Cotrijal a pecuária do Rio Grande do Sul. Enfatizou que a pecuária gaúcha foi esquecida por muitos anos, dando como exemplo que hoje o Rio Grande do Sul é o oitavo estado do país em abates. Segundo ele, isso ocorre porque a pecuária não está sendo cuidada como deveria. Barros ressaltou que o mérito do Desenvolve Pecuária tem sido trazer esse assunto para os fóruns adequados como a Expodireto.
Recordou que a pecuária gaúcha teve, em 2023, uma queda de 50% no preço do boi gordo e que 53% da carne consumida no Rio Grande do Sul vem de outros estados. ”Não é por outro motivo que entre os dez maiores municípios gaúchos produtores de soja muitos estejam na Fronteira Oeste, onde antes a principal atividade era a pecuária, como em Rosário do Sul, São Gabriel, Dom Pedrito e Santana do Livramento”, destacou.
O primeiro palestrante do Fórum foi o engenheiro agrônomo Pedro Albuquerque, que falou sobre “O Papel da Pecuária na Estabilidade dos Sistemas de Produção”. Comentou sobre a integração lavoura-pecuária e discorreu sobre o papel da pecuária, principalmente a de corte, mas também a de leite, bem como o papel do gado na estabilidade para o sistema de produção em áreas de soja, ou em áreas de outras culturas, e como a inserção do animal em área de pastagem é capaz de agir no sentido de reduzir riscos e trazer estabilidade ao sistema. “O principal gargalo, eu diria, são algumas barreiras que foram criadas por muitos anos, além do manejo inadequado, se espalharam como mitos que precisam ser quebrados”, destacou.
Neste sentido, Albuquerque ressaltou que a ideia hoje é superar esses paradigmas e mostrar o que as pesquisas têm proporcionado, o que os produtores têm feito de diferente no sentido de sucesso na integração entre lavoura e pecuária como, por exemplo, o correto manejo do pastoreio. “A gente trabalha com animais e dependendo de como são manejados vão ter um determinado desempenho e também vão impactar o sistema de alguma forma”, ponderou.
O segundo palestrante foi o Técnico Agropecuário Roberto Calza, que abordou o tema “Programas para Carnes de Qualidade: Uma Alternativa para Indústria e Produtor; o Case Cotripal”. Calza ressaltou a pertinência do fórum e destacou o espaço dado pela Expodireto Cotrijal para a pecuária de corte, “atividade de extrema importância para a economia da propriedade, da região, e do Estado movimentando bilhões de reais”. Sobre o Case Cotripal, o palestrante ressaltou que trabalha há 40 anos com frigorífico e desenvolveu ao longo do tempo programas para a carne de qualidade, onde conseguiu agregar valor ao produto, remunerar melhor o produtor e assim beneficiar toda a cadeia da pecuária. “A integração lavoura pecuária, por exemplo, vem se disseminando cada vez mais e é uma técnica muito utilizada, mas que ainda demanda mais debate para que mais produtores tenham acesso, visto que a atividade traz benefícios como geração de renda ao produtor e potencialização das culturas”, finalizou.
O terceiro palestrante foi o produtor rural, agricultor e pecuarista Emerson Schaedler que falou sobre o tema “Programas para Carnes de Qualidade: Uma Alternativa para Indústria e Produtor”. Schaedler abordou o que é feito na sua fazenda, o que vem dando certo e os bons resultados obtidos, assim como o rendimento que vem conseguindo junto à criação de Angus. “Na nossa propriedade, nós não fazemos safrinha, após o milho colocamos pastagens para alimentar o gado, o que se torna mais rentável”, explicou. Com relação ao sucesso na criação de Angus, referiu que a precocidade da raça, no sentido de uma carne de mais qualidade, e a rapidez de engorda são as principais vantagens.
Por fim falou o palestrante José Luiz Tejon Mejido. O tema foi “A Comunicação como Instrumento de Crescimento da Agropecuária no Brasil”. Tejon, entre outras graduações, é Doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai. Ele destacou a importância de abordar a Comunicação junto à pecuária, uma vez que a Ciência e a Tecnologia avançam em grande velocidade e a Comunicação cresce em importância como condutora dessas inovações. “Comunicação não só nas aulas, não só como professor e aluno, mas também a Comunicação pelo rádio, pelo jornal, pela internet, televisão, Comunicação científica e tecnológica é fundamental nos dias de hoje”, destacou.
O professor questionou como estão hoje os hábitos do consumidor em relação ao consumo de proteína animal e, especificamente, da carne bovina. “E aí eu vejo que precisamos de um trabalho mais forte para aumentar o consumo de carne vermelha, que tem caído muito”, observou. Tejon defendeu que houve uma perda de hábito, principalmente nas classes mais baixas, de comer cortes mais baratos de carne vermelha como miúdos, carne moída e fígado, entre outros. “Então essa mudança, eu diria, no marketing da carne vermelha fez com que ela ganhasse destaque junto aos cortes mais nobres. O professor rechaçou a hipótese de a carne bovina ter se afastado das classes mais baixas por uma questão econômica: “Eu era pobre quando criança e comia miúdos de boi, era hábito e isso era incentivado como uma coisa fácil e acessível de preparar, eu acho que essa comunicação está faltando agora no caso do consumo da carne vermelha,” concluiu.