Barros apresentou a entidade, seus propósitos e trabalhos desenvolvidos até o momento. Mostrou também as ferramentas que surgiram com base em informações no grupo, que atualmente conta com 220 associados e 14 técnicos. Entre elas estão a compra de insumos, com pesquisa de valor em outras cidades, as compras coletivas de insumos, com maior escala e menor preço, compra e venda de gado, com melhores preços e produtos, o índice próprio de mercado, com maior assertividade no preço, e indicações de prestadores de serviços, com busca de profissionais, valores, e melhores resultados.
O presidente do Desenvolve Pecuária também mostrou a inovação como pauta da entidade. Da discussão sobre ferramentas tecnológicas já surgiram ideias como os aplicativos Negócio Fechado, que tem por objetivo facilitar a compra e venda de animais, e o AbigeApp, desenvolvido com a empresa Be220, que atua na identificação de marcas e sinais para combater o abigeato. Além disso, grupos de trabalho também foram formados, como os com os frigoríficos, de comunicação e de educação.
Logo após, o dirigente também apresentou um panorama da pecuária gaúcha. Atualmente o Rio Grande do Sul é apenas o oitavo lugar no número de rebanho bovino no país no número de abates. Em relação aos preços, Barros mostrou que, enquanto em 2021 o boi subiu 9% e o IGPM 17,78%, em 2022 a queda foi de 17% enquanto a do IGPM foi de 5,45%. Além disso, salientou que o recorde de exportações de 2022 de carne bovina não salvou o mercado interno. Lembrou que 60% do destino das exportações brasileiras foram para a China e isso, como consequência, trouxe concentração de mercado e menor preço da tonelada. Já sobre o consumo interno, reforçou que no ano passado o país atingiu o menor nível em 18 anos, e no Rio Grande do Sul 47% do consumo local acabou sendo de carne bovina in natura produzida fora do Estado.
Na segunda parte, o professor Júlio Barcellos abordou como o mercado influencia a forma de produzir. Disse que o importante para o pecuarista é que ele entenda algumas características do mercado e os grandes sinais que chegam de fora para que não esteja na contramão da sua forma de produzir. Com isso, salientou que no ano passado emergiram dois grandes “drivers” da COP 27: uma produção mais amigável e mais sustentável, baseada no bem-estar animal e no uso menos intensivo de fármacos e a relação com as mudanças climáticas e a necessidade da mitigação do efeito estufa.
Barcellos falou sobre como isso impacta na produção dentro da porteira. Avaliou que no curto e médio prazo o impacto é muito pequeno, mas de qualquer maneira são grandes sinais que podem influenciar o frigorífico que compra boi e influenciando isto, poderá chegar até o produtor de terneiros. Ressaltou que o pecuarista deve estar sempre analisando o que está acontecendo para ele não ir na contramão, e esta análise passa pela organização da sua produção buscando aproveitar alguma oportunidade, mas fazendo basicamente as questões dentro da porteira de uma forma mais organizada.
Com isso, o coordenador do Nespro abordou como o produtor pode organizar essa produção com vistas a maximizar os resultados como, por exemplo, diminuir as perdas, reduzir custo fixo, aumentar lotação e, tudo isto, voltado para que o produto que chega ao mercado tenha uma certa demanda para que os preços não sejam tão deprimidos, principalmente em tempos de crise. Salientou que o olhar do mercado é vago muitas vezes, mas ele precisa ser percebido com as grandes mudanças, período de oferta e de redução desta oferta, como afeta os preços, para que o pecuarista não esteja totalmente deslocado da conjuntura que move o seu negócio.
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective