O presidente do Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros, abriu o evento afirmando que é preciso levar a pecuária ao protagonismo e nada melhor do que iniciar o ano em um evento como a Expodireto Cotrijal. Pediu uma salva de palmas ao presidente da Cotrijal, Nei Mânica, pela oportunidade e agradeceu à toda equipe da cooperativa. Barros ainda fez uma referência aos palestrantes enaltecendo as suas presenças. Ele finalizou enfatizando que é necessário falar de pecuária. “O mundo precisa de carne”, destacou.
Primeiro palestrante a falar, o ex-ministro Roberto Rodrigues abordou a questão da geopolítica e o que pode acontecer no Brasil e no mundo. Disse que irá retornar a bipolaridade global com dois grandes grupos, de um lado países ocidentais fortes mas sem lideranças e do outro a China com liderança. De acordo com Rodrigues, hoje o Brasil está no meio deste mundo complexo, mas trata-se da maior oportunidade histórica que está sendo colocada no “colo do país”.
Rodrigues colocou que os grandes problemas mundiais atualmente são a segurança alimentar, a questão energética e as mudanças climáticas. Afirmou que nesse contexto, o Brasil tem um papel muito importante para se tornar o centro mundial da solução para a segurança alimentar. “Recente estudo da OCDE e FAO mostra que em 10 anos a oferta mundial de alimentos precisa crescer 20%. Para ajudar nesse percentual o Brasil tem que aumentar a sua produção em 40% e para isso tem que resolver questões estratégicas como logística e infraestrutura, tecnologia, sustentabilidade, entre outros fatores”, pontuou.
Na sequência, foi a vez do ex-secretário Domingos Velho Lopes fazer a sua palestra e começou dizendo que o setor produtivo do Rio Grande do Sul trabalha com a verdade. “Somos sustentáveis, diversificados, produtivos e respeitadores da lei”, salientou. Ele abordou os desafios e alternativas da produção pecuária sustentável no estado, dizendo que a atividade é muito interligada com o momento mundial que está sendo vivido. “O Rio Grande do Sul é o maior e melhor exemplo de agricultura, pecuária e silvicultura sustentável e diversificada do mundo”, destacou.
Segundo Lopes, o Rio Grande do Sul está acima dos 44% de energia limpa produzida, além do hidrogênio verde que já está sendo planejado e que “vai revolucionar o estado porque vai pegar base limpa e levar para a indústria, comércio e atividade agrícola”. Lembrou que houve um crescimento extraordinário do PIB brasileiro do Agronegócio nos últimos 10 anos, na média de 4,54%. “Este número significa estratégia, capacidade de trabalho, tecnologia e clima”, colocou, salientando que no estado gaúcho 40% do PIB é proveniente do agronegócio, com aproximadamente R$ 577 bilhões. “Temos 35 cadeias produtivas e em 2021 exportamos para 209 países com segurança alimentar”, enfatizou.
Segundo Lopes, os desafios no Estado são aumentar a produção de alimentos com ciência e tecnologia e, “principalmente, melhorar a segurança alimentar sem afetar as questões dos recursos naturais”. Também falou sobre a oportunidade histórica que o Brasil tem para ajudar a solucionar a fome no mundo. “É preciso prestar atenção na informação de que quatro em cada cinco seres humanos viverão em países importadores líquidos de alimentos até 2030, e hoje o Brasil é o maior exportador líquido de alimentos do mundo com 169 milhões de toneladas”, informou.
Outra questão abordada pelo ex-secretário se referiu aos créditos de carbono. Disse que é uma realidade que está sendo muito bem trabalhada, mas que será um ganho marginal. “O mais importante é continuarmos sendo eficientes nas nossas atividades produtivas dentro da porteira e, se for possível, ter um incremento de renda com o carbono que irá justificar as cadeias sustentáveis e diversificadas que já temos”, concluiu.
Para finalizar o Fórum da Carne Bovina, o gerente de projetos especiais da MyCarbon apresentou um gráfico mostrando a concentração de carbono no planeta e a influência do homem neste ciclo e as consequências para o aquecimento global. Guilherme Ferraudo falou sobre a distinção entre o mercado regulado e o voluntário. “O regulado é onde existem leis e hoje a grande referência é o mercado europeu que passou de 100 euros a tonelada de crédito de carbono. O mercado voluntário é quando as empresas aderem espontaneamente e hoje já são mais de 4,5 mil”, explicou.
O mercado de crédito de carbono global hoje, em 2023, é de US$ 900 bilhões e em dois anos deve chegar em US$ 1 trilhão, informou Ferraudo, salientando que a América Latina detém 25% de potencial para o sequestro de carbono. “A região tem uma grande capacidade de gerar carbono de qualidade para vender aos países que precisam comprar”, informou, colocando que com o Selo de Carbono Neutro, setores como carne e soja, entre outros, vão agregar valor à produção.