O manejo do gado com ênfase no bem-estar animal foi o tema da 21ª edição do Prosa de Pecuária. A live organizada pelo Instituto Desenvolve Pecuária, em sua página no YouTube, recebeu as médicas veterinárias Adriane Zart e Laura Madureira, que falaram sobre a técnica Nada nas Mãos, nesta terça-feira, 28 de fevereiro. O resultado do trabalho com a técnica evita hematomas nas carcaças durante o manejo pré abate, evitando perdas econômicas geradas com a retirada de hematomas durante o abate. Além disso, há redução de estresse durante a inseminação artificial, gerando uma maior taxa de prenhez e, consequentemente, redução do custo do terneiro.
Adriane, que é gaúcha e pertence à terceira geração no trabalho com pecuária, conheceu a técnica após se formar em Mato Grosso do Sul. Ela contou que de 2015 a 2022 percorreu todo o Brasil e alguns países da América Latina repassando o conhecimento. E antes mesmo de detalhar a aplicação da técnica fez um pedido aos espectadores. “Lembrem da última vez que estiveram interagindo com o gado. A reação deles é de sempre vir para nós, interagir com a gente, e isso não é por agressividade ou medo, mas porque eles querem se conectar com a gente, nos entender e nos ver. Por favor, na próxima vez que estiverem junto com o gado, se lembrem disso”.
Em seguida, a veterinária mostrou alguns vídeos de manejo de gado nelore, ressaltando que deve ser deixado de lado o trato com pressão, barulho e agressividade. O Nada nas Mãos preconiza indicar o caminho para o gado se locomover de forma mais voluntária, sendo guiado, tornando a lida mais gostosa e eficiente. “A técnica foi criada com base na observação de como ele se comporta na natureza e seus instintos”, explicou Adriane. A especialista disse que é preciso se posicionar de forma que se possa ficar dentro do campo de visão do gado, pois ele quer nos ver, mostrar para onde queremos que ele vá, guiando o lote e não o tocando. Dessa forma, a pressão é aplicada alternadamente com o alívio, apenas quando necessário.
Já Laura Madureira, da Ganado Assessoria, que é credenciada na região Sul para treinamentos do Nada nas Mãos, destacou que sua maior dificuldade ao iniciar os treinamentos no Rio Grande do Sul foi entender o comportamento do gado. “Até entender que aqui a coisa anda num outro giro e que a dificuldade é conseguir acostumar o gado a trabalhar com menos pressão”, disse. Segundo a veterinária, no estado o gado é acostumado com muita pressão, gritaria, choque e até cachorros mal treinados, que provocam estresse nos animais. Ao apresentar vídeos de treinamentos realizados no estado, Laura também ressaltou que as mangueiras tradicionais não são adequadas para o manejo da técnica. Segundo ela, pequenos ajustes, como maior compartimentação dos espaços facilita o manejo que pode ser feito até mesmo por um só funcionário.